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sábado, 18 de janeiro de 2014

Página na internet sobre boicote a preços abusivos no Rio tem mais de 65 mil adeptos em 24 horas



Uma página nas redes sociais chamada de Rio $urreal – Não Pague, criada na tarde de dessa sexta-feira (17), atingiu a marca de 65 mil curtidas em pouco mais de 24 horas. A ideia dos criadores é boicotar “preços extorsivos praticados por bares, restaurantes, lojas e ambulantes no Rio de Janeiro, cidade pré-olímpica”.
De acordo com o designer gráfico Flavio Soares, criador da iniciativa junto com as amigas Daniela Name e Andréa Cals, o objetivo não é criticar o real nem a política econômica e muito menos incentivar o calote, mas sim expor lugares que cobram preços abusivos, bem como divulgar lugares com valores mais razoáveis.
“Surgiu quase que como um reflexo natural, não foi uma coisa planejada por dias, meses. Na verdade a insatisfação tem anos e se agravou nesses últimos meses, esquentando as chuteiras para a Copa, tá todo mundo chutando os preços para o céu”, disse. “O que nós três concluímos é que a gente estava falando alguma coisa que já estava todo mundo chocado, foi algo natural [a repercussão imediata]”, completou.
Movimento apartidário, o Rio $urreal, por enquanto, tem colhido relatos e postado no Facebook. Mas, segundo Flavio, a ideia é unir pessoas interessadas em ver as coisas funcionando direito. “A gente ainda está sob o impacto da quantidade de adesões, do tamanho que a coisa está tomando. Certamente não vamos deixar isso cair no vazio, não é só reclamação. O primeiro objetivo é reclamar tanto que quem está praticando preços abusivos se toque, se constranja, se ilumine ou tenha medo de perder clientela e de fato abaixe os preços”, declarou.
Um prato de strogonoff a R$ 80, misto quente a R$ 30, banana com sorvete a R$ 31 e croissant a R$ 14 estão entre os preços postados na página. Nas praias, o serviço também subiu com o calor do verão. O advogado Maurício Mair, carioca, relata que tudo o que atrai o turista é hiperinflacionado nesta época do ano.
“Para quem vai à praia, até o aluguel de cadeira, o preço do refrigerante, a famosa caipirinha carioca. A gente fica indignado, o preço das coisas praticamente triplicam, dependendo do local onde você vai. Nos pontos turísticos você vê muita exploração do turista, ainda mais que, agora, está tendo uma procura maior por conta de ser a cidade da Copa”.
De acordo com ele, no ponto mais badalado de Ipanema, o Posto 9, na baixa temporada a caipirinha custa entre R$ 5 e R$ 7 e agora está de R$ 20 a R$ 25. Em novembro o coco custava R$ 4 e em dezembro passou para R$ 6. Primo de Mair, Roberto Lima dos Santos trouxe a família de Porto Alegre para conhecer o Rio e se espantou com os preços. Ele defende uma campanha para melhorar a situação.
“O sul tem Gramado e Canela, tem a Serra Gaúcha, o Vale dos Vinhedos, diversos shows, e eu digo para ti que a proporção [do abuso nos preços] é menor. Eu acho que há necessidade de uma campanha de conscientização governamental com o comércio local, em qualquer cidade do país, mas principalmente nas cidades maiores, que contribua para que o turismo cresça e se desenvolva cada vez mais, sempre com a consciência ecológica, claro”.
Entre os postos 9 e 10 da Praia de Ipanema, os preços estão, em média, R$ 7 o aluguel de cadeira ou de guarda-sol e R$ 5 o coco. Mas, procurando um pouco, é possível achar mais barato. Dono de uma barraca há 15 anos, Jorge Luiz da Silva diz que pratica a mesma política de preço de quando começou, sem inflação no aluguel de cadeira e guarda-sol, mesmo com o aumento no verão.
“Do início do horário de verão até o dia 1º de abril a cadeira é R$ 3 e o guarda-sol é R$ 4, de 2 de abril até o fim do horário normal a cadeira é R$ 2 e o guarda-sol é R$ 3. As únicas coisas que a gente não consegue controlar e repassa o aumento é na bebida, porque chega o verão e a gente também sofre com a máfia do gelo, sofre com a máfia do coco”, disse.
Silva relata que o saco de 20 quilos de gelo custa normalmente R$ 7 e passa para R$ 12 no verão, chegando a R$ 20 em datas festivas como Natal, ano-novo e carnaval. “Eu uso uma média de 25 sacos por dia, imagina como aumenta o custo disso”, ressaltou.
Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil

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