Uma coisa está muito errada nesta República de tantos sobressaltos. E não é apenas por conta das supremas birras e cismas do ministro Joaquim Barbosa. Alguma coisa como aquele famoso "algo de podre no Reino da Dinamarca". Constatado um longo processo de decadência das emissoras de rádio de ondas mėdias (AM), sobretudo, pelo enorme aumento da população urbana nas últimas cinco décadas e, por consequência, a perda de prestígio das temáticas centradas no meio rural e em alguns segmentos populares urbanos, muito presentes nas grades de programação das emissoras radiofônicas AM chantadas em todo território nacional.
Certo ė que as rádios AM, de complexa e cara estrutura técnica e operacional, foram suplantadas pelas emissoras FM, bem mais simples e econômicas, ademais do melhor sistema audiofônico (estéreo) e da melhor recepção, sem interferências ou chiados desagradáveis. Nas últimas duas décadas, foi igualmente enorme a concorrência da Internet, sobretudo, com a inserção revolucionária das redes sociais. Doutra parte, as agências de comunicação passaram a desprezar teimosa e insistentemente as emissoras de rádio AM, para deixá-las à margem dos planos de mídia que elaboram.
Com a ascensão dos meios digitais, a solução para as rádios AMs seria transformá-las em emissoras digitais e estéreofônicas. Para tanto, o governo brasileiro deveria optar por um dos três sistemas implantados noutros países, a exemplo do que fizera com a televisão. Estranhamente, todas as opções examinadas e testadas não conseguiram agradar os técnicos e burocratas do Ministério das Comunicações e da Anatel. Estranhamente, sim, porquanto em vários outros países a digitalização das rádios AM, além da enorme melhoria da qualidade audiofônica, do sistema mono para o estéreo, propiciou a sua transformação em excelentes veículos de transmissão de dados através de ondas mėdias, com inegável incremento econômico e financeiro das respectivas empresas de radiodifusão.
Recentemente, o governo federal surpreendeu com a edição do Decreto nº 8.139, de 07 se novembro de 2013, cujo desiderato, sem meias palavras, "dispõe sobre as condições para extinção do serviço de radiodifusão sonora em ondas mėdias de caráter local..." E a proposta governamental ė transformar as emissoras AM (ondas mėdias) em FM (frequência modulada), embora com imposições absurdas do pagamento das concessões, isto sem falar que nada do equipamento da primeira servirá para a segunda, de modo que uma emissora nova deve surgir paralelamente às velhas e boas rádios analógicas de onda médias. No entanto, algumas exigências desse Decreto, como a da absoluta regularidade fiscal, trabalhista e previdenciária. A rádio que não puder exibir essa regularidade, ficará de fora do baile.
Conhecendo as coisas desses brasis, é previsível que em breve tempo o governo federal facilite a digitalização das emissora de rádio AM e os seus burocratas providenciarão novas vendas das concessões de emissoras AM digitais. E tem tudo para dar com os burros n'água. É o que nos resta é aguardar.
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