domingo, 10 de novembro de 2013
EXAME EVITA BIÓPSIA DE PRÓSTATA DESNECESSÁRIA EM HOMENS COM SUSPEITA DE CÂNCER SERÁ APRESENTADO EM NATAL, DURANTE CONGRESSO DE UROLOGIA
Um novo aparelho que é posicionado entre as pernas do paciente pode evitar biópsias desnecessárias na próstata, segundo um estudo do A.C. Camargo Cancer Center. O hospital em São Paulo é o primeiro do país a usar esse exame na prática clínica. O teste com o equipamento pode ser feito por homens com suspeita de câncer de próstata que já se submeteram aos exames de toque e de sangue (PSA) e têm indicação para fazer uma biópsia.
O objetivo é definir quem realmente deve ser submetido à biópsia, um procedimento invasivo que pode causar ansiedade e efeitos como dores e sangramento na urina e na ejaculação. Na biópsia, uma agulha inserida no reto colhe fragmentos da próstata do paciente. A anestesia pode ser local (com sedação) ou geral.
Mas apenas de 30% a 40% das biópsias são positivas para câncer --ou seja, a maioria dos homens com suspeita da doença passa pelo procedimento invasivo desnecessariamente porque o exame de toque e o PSA dão margem para incertezas.
Nos Estados Unidos, estudos mostram que há cerca de 750 mil biópsias de próstata desnecessárias por ano. O A.C. Camargo avaliou o equipamento em 150 homens durante 18 meses e comparou os resultados do novo teste com os da biópsia. Resultado: o exame não invasivo teve acurácia de 90% em prever quem não precisaria ter passado pelas agulhas. Esses dados serão apresentados no Congresso Brasileiro de Urologia, que acontece a partir do dia 16, em Natal.
COMPLEMENTAR
Gustavo Cardoso Guimarães, cirurgião oncologista e diretor do Núcleo de Urologia do A.C. Camargo, lembra que o novo equipamento não substitui a avaliação clínica e o exame de toque retal nem faz diagnóstico de câncer, mas funciona como um instrumento complementar na investigação da doença.
“O exame de toque ainda é mais barato, simples e indispensável para detectar outras anomalias da próstata.” O equipamento emite ondas eletromagnéticas que indicam uma alteração na proximidade de um tumor. A engenhoca foi descoberta por acaso pelo italiano Clarbruno Vedruccio, que desenvolvia um detector de minas terrestres na década de 90. Como ele tinha gastrite, percebeu uma queda no sinal quando o aparelho se aproximava de tecidos doentes.
Segundo Guimarães, o exame também pode ser indicado para quem teve câncer anal e não pode fazer exame de toque retal.
Para Lucas Nogueira, diretor do Departamento de Uro-oncologia da Sociedade Brasileira de Urologia, a tecnologia é promissora, mas mais estudos precisam demonstrar sua eficácia. “Ainda faltam evidências de que esse teste seja superior aos já existentes”, diz. Há outra ressalva: o aparelho custa R$ 450 mil.
Hoje, uma alternativa para filtrar melhor quem deve fazer uma biópsia é a ressonância magnética, mas nem sempre a visualização da próstata é satisfatória. Há também o PCA3, um exame de urina feito após massagem na próstata --ainda mais incômodo que o exame de toque.
Idade mínima para exame sobre de 45 para 50 anos
Os exames para rastreamento de câncer de próstata devem ser feitos a partir dos 50 anos, e não mais a partir dos 45 anos, segundo nova recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia. A mudança está de acordo com as últimas descobertas científicas e segue orientações das principais sociedades médicas internacionais, segundo Antonio Carlos Lima Pompeo, coordenador do departamento de uro-oncologia da entidade.
“Aumentamos a idade mínima porque os últimos estudos mostram que a chance de ter câncer de próstata é baixa aos 45 anos. Mas ainda defendemos que homens com maior risco devem fazer a partir dos 45”, diz Pompeo. Têm maior risco homens com casos de câncer na família, negros e obesos.
As novas orientações da entidade médica serão lançadas durante o 34º Congresso Brasileiro de Urologia, que será realizado em Natal (RN), a partir do dia 16. As diretrizes, porém, estão longe de ser um consenso, já que não há um protocolo nacional de rastreamento para esse tipo de câncer --assim como há para o câncer de mama ou do colo do útero. O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no país (atrás do câncer de pele não melanoma). Em 2012, a estimativa é de que tiveram 60.180 novos casos no país, segundo o Inca.
Redação
DO NOVO JORNAL
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