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quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Expectativas de negociações salariais para 2017 são pessimistas




O ano de 2017 deve ser igualmente ruim ou ainda mais complicado para as negociações salariais das diversas categorias de trabalhadores do que 2016, que já é o pior ano para os reajustes desde 2002, inclusive para os sindicatos mais fortes. Após um ano marcado por reajustes abaixo da inflação, a avaliação dos economistas e até mesmo das categorias consultadas é de que no ano que vem os acordos salariais serão mais uma vez dificultados pelo ambiente econômico recessivo. 
Além disso, há a expectativa de pico do desemprego e da continuidade da crise política e institucional. Diante desse cenário complicado, algumas categorias já se anteciparam e fecharam acordos neste ano que contemplassem a recomposição salarial em 2017, sem aumento real na renda.
"O desemprego atingirá o ápice em março, com 12,7%, mas essa projeção pode ser pior, uma vez que os dados fracos de atividade podem atrasar ainda mais a retomada da economia. Além disso, a crise política alimenta a crise econômica, fazendo com que a recuperação seja mais lenta do que a esperada, o que também atrasa a retomada do emprego", resumiu o analista econômico da RC Consultores Everton Carneiro.
Em 2016, ano em que a taxa de desemprego alcançou os dois dígitos pela primeira vez na série histórica iniciada em 2012 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - Contínua (Pnad - Contínua), a parcela de reajustes abaixo da inflação atingiu 50% das negociações no acumulado do ano até outubro. O dado é do projeto Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que também mostra que, em outubro de 2015, essa proporção estava em 20% e, no mesmo mês de 2014, a fatia era de cerca de 5%.
Em 2016, até mesmo os bancários, que têm um sindicato forte, tiveram os salários achatados pela primeira vez desde 2004, sem nem mesmo conseguir repor a inflação. Após 31 dias de greve, no início de outubro, a categoria aceitou a proposta de reajuste de 8% nos vencimentos em 2016. Neste período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC-IBGE), que é o indicador de inflação usado como base para os reajustes salariais, alcançou 9,2%.
"Desde 2004, tínhamos reposição salarial e reajuste real. A campanha de 2016 foi a mais difícil que eu já enfrentei na minha vida de sindicalista. E, em 2017, esse cenário ruim vai se intensificar, porque a recessão deve continuar, assim como a crise política e institucional. E, no nosso caso, ainda tem a questão tecnológica", disse o presidente da Confederação Nacional de Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-Cut), Roberto Von der Osten.
A negociação salarial de 2016 dos petroleiros ainda não foi finalizada e talvez se arraste até o ano que vem, quando normalmente é fechada até novembro. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) está pleiteando a reposição da inflação no período e ganho real de 5%. Mas a Petrobras propôs reajuste de 6% no fechamento do acordo e de mais 2,98% em fevereiro, com retroativo apenas sobre a primeira parcela. "A avaliação que fazemos é que é muito difícil aprovar o nosso pleito, nenhuma categoria conseguiu esse aumento real ao longo do ano", disse o coordenador geral da FUP, José Maria Rangel.
De acordo com o Balanço das Negociações dos Reajustes Salariais do 1º semestre de 2016 do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), apenas 24% das unidades de negociação analisadas conquistaram ganhos reais nos salários, sendo que somente 0,7% dos reajustes reais foram acima de 1%.
Fonte: ASSESSORIA DE IMPRENSA DA FEMURN

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