Alex Régis
O 4º Festival Literário de Natal abriu nesta quarta-feira (14) pela manhã sua programação na estrutura montada na Praça Augusto Severo, Ribeira, com as primeiras palestras e espetáculo voltados para a Cultura Popular. Durante todo o dia de hoje, a programação apresenta e debate a importância da literatura dos poetas populares e o Cordel. O Flin é uma realização da Prefeitura do Natal e Governo Federal – Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Cosern e apoio do Sesc.
O público presente nas primeiras horas do evento pode conferir a palestra do jornalista (com pós-graduação em Drama Grego Antigo) e produtor cultural, Geraldo Maia, com o tema “A erudição dos poetas populares”, sendo uma defesa do espaço para a cultura popular no Brasil. A base de sua tese é de que o popular tenha a mesma importância que o chamado conceito de erudito, abolindo o preconceito sobre as definições acerca do que seja “popular”. “Não tem como você medir, num juízo de valor, que um é maior do que o outro. Mas as pessoas se baseiam nos conceitos de popular e erudito. Desde Caldas Aulete, em seu dicionário em 1948, a Aurélio Buarque de Holanda, quando escreve em 1975, seu primeiro dicionário, se percebe que os conceitos [sobre Erudito e Popular], nenhum têm fundamento”, afirma.
Estes conceitos estabelecidos e divulgados prevalecem até hoje e continuam sendo replicados em escolas, considerando a literatura de cordel, folclore. “Se vê a literatura de cordel como algo folclórico, e não, não é”, define. “Não há como falar da história da literatura brasileira sem começar pela literatura de cordel. E quem está dizendo isso não sou eu, é Câmara Cascudo. Esta coisa se fundamenta por questão econômica e isso chegou até as academias e às universidades, chegou à toda a história da literatura”. Esta defesa de Geraldo Maia é objeto de estudo desde 2003, quando teve conhecimento da existência do cordelista mossoroense Antônio Francisco, que ocupa a cadeira que teve como patrono o poeta Patativa do Assaré, na Academia Brasileira de Literatura de Cordel.
Em seus estudos ele faz um paralelo entre poetas considerados eruditos, conhecidos pela grande maioria das pessoas, dentro e fora do Brasil, e os populares, com conteúdos tão profundos, como apresentou em sua palestra, e desconhecidos.
“É necessário trazer esses poetas para a população, porque a gente não ouve falar deles, a gente só reconhece as fotos [durante a apresentação de Geraldo Maia] dos eruditos. E quando mostrava os poetas populares, que têm grande importância, a gente não conhece”, afirmou a estudante de jornalismo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Erika Camargo, que foi nesta manhã conferir a programação do Festival e visitava o Museu do Cordel.
O Museu do Cordel foi montado por um dos movimentos cordelistas presentes ao Flin, o Núcleo de Estudos e Pesquisas do Cordel Brasileiro, recém criado no Rio Grande do Norte. O museu mostra a história do cordel e principais autores e obras. O Nep-Cordel também está com uma banca de exemplares com novos autores e outros já conhecidos, como Nando Poeta, um dos fundadores do Núcleo, junto com o poeta popular assuense, Paulo Varela.
O poeta, contador de causos e palestrante Paulo Varela foi a atração da tenda principal do evento na manhã de hoje, ao lado do poeta Zé Martins. O público pode conferir a poesia popular que fala do sentimento do homem nordestino com elementos universais.
Na programação da tarde desta quarta-feira, há ainda o Encontro de Cordel, da tenda principal, às 15h; às 17h, na tenda Moacy Cirne, será formada a mesa O Anjo Devasso – a Vida de Juvenal Antunes, com a participação de Antônio Stélio, Vicente Serejo e Abmael Silva; às 18h, mesa em homenagem a Monsenhor Expedito; às 19h, Mesa Câmara Cascudo e a literatura oral, com participação de Daliana Cascudo e Severino Vicente. Encerrando o primeiro dia do Flin, às 20h, Literatura Oral, Festival de Violeiros, com participação de Moraes Moreira.
Fonte:natal.rn.gov.br
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